Vigarista (Bernardo Almeida)

16. Vigarista 

Perturbado ao redor de multidões anonimamente opinativas
Detentoras de inspirações e motivações surpreendentemente presumíveis
Espalhando, com alvoroço, uma constrição
Que revela a efemeridade de qualquer perspectiva
Em vã tentativa de destruir as vontades mais íntimas dos livres

O alento que carrego, eu o empurro com os joelhos
Aperta a minha mão e beija carinhosamente as minhas costas
A pele – eu a mantenho exuberantemente exposta nas horas vagas
Ainda que adormecida, inspira o vigor de quem prossegue sempre
                                                                     
As multidões opõem-se à vitória do indivíduo
Caminham em direção ao azedo - aperto da indiferença
O rosto definha decadentemente representado por uma massa
De carne uniformemente distribuída, constituída por narizes e mediocridade

Impõem, através de combates friamente ignorantes,
Que os caminhos a se seguir são limitados e não aceitam alternativas
Vertentes inteligentes daqueles que estão descrentes

Com a corrente que bate e prende, fingindo unir-nos

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