Voto nulo (Bernardo Almeida)
9. Voto nulo
No atanazado e vasto estuário do campo
de batalha
As mentiras ígneas possuem verdades de
ferro
E as camisas de força estão atadas aos
libertários
Helicópteros que sobrevoam aspergindo intensidade
Virtuosidade em condições e incisões
desiguais
Da cidade a sugar o capitalismo pelo consumo
imaginário
Que foge ao seu próprio enleio e plano de
mercado
Verborrágico, escatológico e estratégico:
infuso
E o sucesso é a derrota que fracassa na
vitória
Mordaça autoimposta; a servidão
disposta e voluntária
É a proposição mais fértil da coragem
rebelde
Daqueles que resistem por toda a cidade
- debalde
Sem confiar plenamente
nas promessas rendidas
Fendas e fístulas
urdindo liberdade na expressão da vida
Contaminada e disseminada
por uma armada democrática pós-ditadura
A introjetar na cultura do Estado um
pacifismo autoritário
Forjado para fingir e exibir intenções
de paz e liberdade
Por trás de contas em paraísos de
agressões fiscais
Subornos, extorsões, truculências e
censuras multilaterais
E o país emite promessas que jamais
farão cessar a fome,
Mas renderão votos dos famintos nas
eleições gerais
Aos crápulas, impunes e insones... beneplácitos
verdugos
Ante os imóveis pierrôs entretidos – os
vendidos, sempre atentos,
Comandam os mortos-vivos, como vermes predatórios
a comer
E constranger a alcateia domesticada, tornada
rebanho e canil
União de uivos entorpecidos em carnaval
senil de música monossilábica
Iludindo os súditos com simbióticos elos
malditos
Espelho estéril e uniforme da tragédia
universal que ascende e prospera
Na assunção dos cafetões a prostituir o
trabalho do trabalho brasileiro
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