Pagão (Bernardo Almeida)
7.
Pagão
Livro-me dos meus pecados cometendo
outros
Novos, picantes e furtivamente lascivos
Sinceros, profundos e deliciosamente
proibidos
Livro-me dos meus pecados falando de
amor
Sendo condenado pelos olhares que nada
me dizem
A não ser que são infelizes e por isso
julgam demais
Livro-me dos meus pecados profanando a
dureza da razão
Contestando-a diante de sentimentos que
desestruturam
Qualquer lei ou ideia aceita como
verdade universal
Livro-me dos meus pecados sem fazer
esforços
E tomo como minhas as palavras do poeta
que afirmava
Não conhecer pecados, apenas prazeres
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