De lado (Bernardo Almeida)
11. De lado
Sinto-me em profundo estado de solidão
E, pela primeira vez, não me vejo
confortável
Acho que mudei sem imitar quem eu era
O silêncio toma formas acústicas
Nas asas que batem imóveis e
irritadiças
Abaixo do tempo que estagnou o mundo
das pessoas
E tudo desapareceu em segredo
Nem uma mão falando em meu ouvido
Nem uma língua coroando os meus desejos
A companhia se tornou uma vasta penúria
de nada
E eu que pensava ser difícil sofrer
calado
Descubro que o pior se dá quando o
peito se agacha de dor
Precisando externar um soluço em forma
de desabafo
Mas permanece corroído pelo desamparo
da impossibilidade
Da frustração, da angústia e da
calamidade do abandono
Comentários
Postar um comentário