Aventura idílica (Bernardo Almeida)
4. Aventura idílica
Em tuas mãos, páginas de ideias
tumultuosas
Enquanto miravas as palavras, eu te
olhava
Despertaste em mim um enlevo
convidativo
Reforçado pela translúcida vestimenta
que desenhava
E demonstrava claramente aquilo que
supostamente escondias
Acelerado eu estava e insistia... meus
batimentos
Tornaram-se assassinos camuflados e
furiosos
Queriam matar-me ali - não sei se de
ciúme ou paixão
As tuas coxas suscitavam um triunfante
desejo excessivamente carnal
Pareciam viver para ofertar o prazer
mais digno, frequente e gratuito
Na eloquência da burla carnavalesca do
mundo
Enquanto eu insistia em disfarçar que
não te atacava
Perplexo e aturdido por intenções
calorosamente mudas e nuas
Escreveste com teu sorriso lasso o
chamado de que eu precisava
Descobrimos por dias e noites que
éramos amantes ferozes
Lembro-me dos teus seios rígidos,
intumescidos da base ao ápice
E dos murmúrios sublimes, dos enlaces
de pernas e das pálpebras cerradas
Quando os meus suspiros atingiam a
parte traseira da tua orelha
E tocava todo o teu corpo com uma parte
do meu
Sabíamos: o que é bom não precisa durar
pouco
E mantivemo-nos em contatos, em
extratos e substratos
Constantemente conectados
Até que as lágrimas da rotina nos
separassem...
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